Após sete anos afastada da hotelaria, recebi uma nova oportunidade. Era como se a vida me desse uma segunda chance de reencontrar aquilo que um dia me fez brilhar os olhos. Voltar para esse universo parecia um sonho. Meu coração se encheu de esperança, e minha motivação estava lá no alto. Eu queria dar o meu melhor — como sempre fiz.
Mas o encanto durou pouco.
Logo nos primeiros dias, comecei a perceber comportamentos que me soaram familiares… e não no bom sentido. Pessoas dissimuladas, bajuladoras, que jogavam para se autopromover, sem o menor escrúpulo. Mentiras circulavam com facilidade, e a ética parecia ter ficado do lado de fora da porta.
Me vi mergulhada novamente naquele ambiente tóxico que já conhecia bem. Um gatilho foi ativado, e memórias difíceis do passado vieram à tona. Comecei a ser questionada por coisas sem sentido. Sentia como se minha experiência, minha entrega, meu caráter… nada disso tivesse valor. Aquilo foi me murchando. Aos poucos, percebi que eu não pertencia mais àquele cenário — ou talvez ele nunca tenha sido meu.
Um dia, sem suportar aquela situação, pedi demissão. Não por fraqueza, mas por exaustão. Eu estava cansada de lutar contra um sistema que parece premiar a aparência e não a essência. Cansada de engolir sapos e silenciar valores para se encaixar.
Essa experiência me fez refletir ainda mais sobre o mundo corporativo. Onde estão os verdadeiros profissionais? Aqueles que agem com ética, que trabalham com o coração, que não passam por cima de ninguém? Será que ainda há espaço para eles?
Sigo em frente, com cicatrizes, mas também com coragem. Porque a minha história não termina aqui — ela apenas mudou de rota. E talvez, contando-a, eu encontre outros que, como eu, já tentaram pertencer a um mundo que não acolhe quem se recusa a usar máscaras.